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quinta-feira, 8 de setembro de 2011



"Ontem eu quis desesperadamente a sua companhia lá naquele banco da praça, quis ficar ali com você a noite toda se pudesse. E quando fui embora pensei em te ligar, dizer pra voltar amanhã, vir me fazer sorrir. Mas não. Hoje eu acordei e pense que seria melhor não, eu não quero me apegar em ninguém, não quero precisar de ninguém. Quero seguir livre, entende? mesmo que isso me faça falta, alguém pra prender um pouquinho. Vou me esquivar de todo sentimento bom que eu venha a sentir, não levar nada a sério mesmo. Ficar perto, abraçar de vez em quando, sentir saudades, gostar um pouquinho. Mas amar não, amar nunca, amar não serve pra mim. Prefiro assim!"


- Caio Fernando Abreu

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ser ou não ser de ninguém

"Na hora de cantar, todo mundo mundo enche o peito nas boates e gandaias, levanta os braços, sorri e dispara: ".... eu não sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também...". No entanto, passado o efeito da manguaça com energético, e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração tribalista se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximos e reclama de solidão  ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.






A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?
Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lião ensinada no colégio, de que toda ação tem uma reação? Agir como tribalista tem consequências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e, não ser de ninguém. Para comer a cereja, é preciso comer o bolo todo e, nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importa se outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Embora já saibam namorar, os tribalistas não namoram.
"Ficar" também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix". A pessoa pode ter um, dois e até namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de  manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namorar é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim, como só deseja a cereja do bolo tribal, enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assisti a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas, e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças.






 É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar."Já dizia o poeta que amar se aprender amando. Assim, podemos aprender a amar nos relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento .... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da tão sonhada felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida SOLIDÃO... Seres humanos são anjos de uma asa só, para var têm que se unir ao outro"


- Arnaldo Jabor

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Chegou a hora de mudar !



"Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. Ultimamente eu só tô querendo ver o 'bom' que todo mundo tem. Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem ? Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. Queira viver, viver melhor. viver sorrindo e até os cem. Tô feliz, tô despreocupado, com a vida eu tô de bem."


- Caio Fernando Abreu

sábado, 3 de setembro de 2011



- Você é anormal menina... Eita, o que ele fazia de tão especial? Tipo... Sei que não é fácil esquecer, mas gostar às vezes é estranho...


- Ele não fazia nada... Eu só... só gostava, entende ?


- Mas por que gosta "às vezes" dele ainda ?


- Por gostar. Mas apeguei à ele como nunca me apeguei a ninguém... Prendi e não quis mais soltar...


- Entendo. E ele, por onde anda ?


- Pelas ruas de um porto[...] Amando mulheres, garotas, meninas... Amando todas, menos à mim...


- Caio Fernando Abreu 

O dia que Júpiter encontro Saturno


(...)
- Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
- Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de bagunçar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
- Vou te escrever carta e não mandar.
- Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
- Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
- Vou ver Saturno e me lembra de você.
- Mesmo quando não estivessem mais juntos.
- Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
- O tempo não existe.
- O tempo existe e devora.
- Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrarm porque terei esquecido. Alfazema?
- E que uma palavra ou um gesto, seu o meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

- Caio Fernando Abreu